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As autoridades nacionalistas de Kiev tentam criar uma seca artificial na Crimeia e matar literalmente a península à sede.
Há precisamente uma semana, a camarilha no poder em Kiev ordenou diretamente o encerramento das comportas do Canal do Norte da Crimeia, que é responsável pelo abastecimento de 85 por cento das águas usadas na rega agrícola.
Neste momento esse canal está quase completamente seco. Isso foi feito apesar de a Crimeia pagar regularmente pela água proveniente do rio Dniepre. Agora essa água está sendo descarregada diretamente para o mar Negro. Os últimos a se comportarem dessa forma na região foram os ocupantes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
As autoridades de Kiev afirmam que o problema é puramente técnico: a Crimeia teria alegadamente preparado a documentação incorretamente. Mas essa documentação já foi refeita por várias vezes em cumprimento das exigências do gabinete de Yatsenyuk. Contudo o canal permanece sem água até hoje. Ele só recebe um mínimo de água, dez vezes menos do que antes, para que essa estrutura não perca suas capacidades técnicas para “segurar a água”. A “chantagem” com a água por parte da administração de Kiev ameaça fazer perder na Crimeia as colheitas de frutas e legumes, o que pode resultar em prejuízos no valor de cerca de 5 bilhões de rublos.
A Crimeia não terá quaisquer quebras no abastecimento de água potável. As suas quantidades são suficientes, considera o vice-presidente do Conselho de Ministros da República da Crimeia, Rustam Temirgaliev. O problema será para a agricultura, para a rega das culturas, mas isso não irá fazer ajoelhar a Crimeia. As companhias russas, nomeadamente a RusHydro, iniciaram pesquisas de lençóis freáticos. Nos próximos tempos o problema do abastecimento de água à Crimeia será resolvido, assegurou Rustam Temirgaliev:
“A camarilha de Kiev, que não tem outro nome, usa os métodos mais desumanos para satisfazer suas ambições políticas. Eles não conseguem, de forma alguma, aceitar e reconhecer o direito de 97 por cento dos habitantes da Crimeia, que participaram no referendo de 16 de março, de viverem na Federação Russa. Esses métodos não são apenas desumanos. Estas são atitudes que têm apenas os regimes fascistas”.
Não foi por acaso que o vice-premiê da Crimeia se referiu aos fascistas. Os habitantes das regiões secas e áridas do mar Negro ainda se recordam como as tropas nazistas tentaram, no outono de 1941, quebrar pela sede a sitiada cidade de Odessa. Tal como hoje o governo de Yatsenyuk faz, também há 70 anos os nazistas bloquearam o funcionamento da estação elevatória e do canal de abastecimento de água à cidade. A cidade viveu sem água durante 73 dias. Foi necessária uma heroica operação especial para tomar a estação elevatória por várias horas e permitir que Odessa tivesse tempo de encher seus reservatórios. Na operação foram mortos quase todos os elementos que participaram. Esse episódio serviu de base a um dos filmes soviéticos mais conhecidos sobre a guerra e que se chamava “A Sede” (Zhazhda).
Os conflitos em torno dos recursos hídricos não são uma novidade, e eles podem ser regulados por normas do direito internacional que já estão bastantes bem elaboradas, refere o perito do Instituto dos Países da CEI, Andrei Grozin. Nessa área existem várias convenções fundamentais que proíbem esse tipo de ações anti-humanitárias:
“Eu suponho que o governo da República da Crimeia já tenha recolhido todos os documentos necessários e que já pode apresenta-los às instâncias judiciais internacionais. Infelizmente, a prática internacional é de esses processos demorarem demasiado tempo. É muito mais simples as partes se sentarem à mesa das negociações bilaterais ou com recurso a algum mediador, uma instituição internacional ou um país terceiro”.
O Canal do Norte da Crimeia foi construído entre 1961 e 1971 com mobilização do esforço de toda a União Soviética. Neste momento as autoridades da Crimeia estão desenvolvendo, em conjunto com Moscou, projetos para a construção na península de usinas de abastecimento de água proveniente de Kuban, na Rússia, através do estreito de Kerch.
Através do corte do abastecimento de água à Crimeia o Governo ucraniano poderá prejudicar seus próprios interesses: ela irá deixar de receber pagamentos pelo trânsito da água do Dniepre para a península.
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