Durante o quinto dia do evento, campuseiros criticaram a ideia de tráfegos privilegiados na rede
A
internet sem neutralidade funcionaria de forma similar a uma TV a cabo,
na qual o pacote de programação comprado filtra o que pode ou não ser
visto. É assim que ativistas da internet livre explicam a existência de
uma rede com acesso controlado, formato que pode passar a existir no
país com a aprovação do Marco Civil da Internet, em pauta no Congresso
Nacional. O tema, que é um dos impasses para a aprovação do projeto, foi
debatido hoje (31) no quinto dia da Campus Party.
"A neutralidade da rede é o princípio que preserva a
essência do que é a internet. Questões políticas, culturais, religiosas,
financeiras não podem fazer com que determinado tráfego seja
privilegiado em detrimento de outro. Todos são iguais perante a rede",
defendeu Carlos Affonso Pereira de Souza, doutor em Direito Civil e
diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.
O publicitário João Carlos Caribé, ativista pela
inclusão digital, avalia que, caso não seja garantida a neutralidade da
internet, estará sendo criado algo diferente, que não é a internet como
conhecemos. "É um princípio basilar. Vamos ter outra coisa, uma rede
privada", declarou. Eles apostam na internet como uma plataforma de
propósito geral, de acesso e produção livre a todo usuário.
Carlos Affonso acredita que a inovação na rede pode ser
uma das características da internet mais afetadas com a limitação.
"Gera-se uma barreira econômica para que novos empreendimentos possam se
estabelecer. Estamos cada vez mais empurrados para um quartinho murado
na internet", comparou. Ele explica que, em um quadro de ausência de
neutralidade, somente empresas estabelecidas teriam uma condições de
pagar aos provedores para trafegar com maior velocidade.
De acordo com os ativistas, os provedores iriam atuar
como porteiros do que pode ou não ser visto na internet. Daí a
similaridade com a TV a Cabo. A cada faixa de plano de internet, o
usuário acessaria determinado tipo de conteúdo, como redes sociais,
ouvir músicas, utilizar e-mail, buscador, entre outros. Empresários do
setor, por outro lado, criticam a possibilidade do item prejudicar os
negócios e inviabilizar a venda de pacotes por diferentes velocidades.
Caribé lembra que a internet livre proporciona um debate
aberto e amplo da sociedade, sem precisar de intermediários. "Isso é
uma ameaça para o poder político, financeiro, para a indústria
cultural", destacou. Durante o debate, lembrou-se muitas páginas de
divulgação dos protestos de junho no país foram apagadas das redes
sociais.
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