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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Israel para de distribuir de máscaras de gás à população

Os centros de distribuição de máscaras de gás serão fechados a partir de sexta-feira. A decisão é consequência do acordo de desarmamento químico da Síria, mas fontes militares a consideram "apressada"  
Mulher israelense saindo do posto de distribuição de máscaras de gás em Tel Aviv Foto: Especial para Terra
Guila Flint De Tel Aviv
A partir desta sexta feira, 28, as autoridades israelenses irão fechar os centros de distribuição de máscaras de gás. De acordo com o ministério da Defesa de Israel, a decisão está relacionada com a diminuição, segundo o serviço de inteligência, do risco de um ataque químico contra o país decorrente do acordo de desarmamento com a Síria.
As máscaras de gás fazem parte do dia-a-dia da população israelense há 24 anos, desde 1990, quando as autoridades decidiram iniciar a distribuição do chamado "kit de proteção", às vésperas da primeira Guerra do Golfo com o Iraque.
Em vista das ameaças do então presidente iraquiano Sadam Hussein, de lançar mísseis químicos contra Israel, caso seu país fosse atacado pela coalizão ocidental, o governo israelense iniciou uma compra acelerada de máscaras para bebês, crianças e adultos.
Teve inicio, então, uma complexa operação logística de distribuição e manutenção do equipamento que, além de ter um custo alto, também agravou o clima de apreensão no país, pois cada cidadão passou a ter, em sua própria casa, um objeto que simboliza a sensação de risco à vida.
Para bebês, o equipamento antigás é uma espécie de berço vedado de plástico, com um sistema de filtragem e ventilação movido a pilhas. Para crianças, a máscara, de plástico transparente, envolve a cabeça inteira e o sistema de ventilação também é movido a pilhas.
Com o crescimento dos filhos, as famílias israelenses precisavam ir aos postos de distribuição para atualizar o equipamento.
Os filtros das máscaras têm validade limitada, e, de vez em quando, a população era convocada a "refrescar" o equipamento.
Momentos de tensão
Em momentos de tensão no Oriente Médio, havia uma verdadeira corrida aos centros de distribuição e se formavam filas quilométricas para obter os "kits".
Em 2003, antes da invasão americana ao Iraque, o Comando da Retaguarda do Exército israelense convocou a população a atualizar as máscaras.
Em 2012, em meio às ameaças de Israel de que iria atacar o Irã, houve mais uma corrida aos postos de distribuição.
Em 2013, as ameaças dos Estados Unidos de atacar a Siria depois que civis em Damasco foram bombardeados com armas quimicas, levaram novamente os cidadãos israelenses às filas pelas máscaras.
Polêmica
De acordo com o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, a decisão de parar a distribuição das máscaras decorre da avaliação dos serviços de Inteligência de que o risco de um ataque quimico contra o país "se reduziu muito, principalmente após o acordo de desarmamento com a Siria".
 
Familia israelense carregando carro com máscaras de gás Foto: Especial para Terra
No entanto, fontes militares israelenses criticaram a decisão do governo. Os principais veículos de comunicação do país citaram fontes não identificadas que qualificaram a decisão como "apressada".
Segundo as fontes, o governo deveria adiar a decisão para o fim de junho deste ano, quando, segundo o acordo, a Siria deverá finalizar o desarmamento químico.
O deputado Nahman Shai, do Partido Trabalhista, entrou com um recurso junto à Suprema Corte de Justiça contra a decisão do governo.
De acordo com Shai, "a decisão é irresponsável pois a Síria ainda não desmontou seu arsenal químico e outros países também possuem armamentos perigosos".
Já o analista militar Reuven Pedhatzur considera a decisão de parar a distribuição de máscaras de gás "acertada".
Pedhatzur critica a decisão de distribuir o equipamento para a população desde o início.
"Há mais de duas décadas, o governo cedeu à pressão de uma população amedrontada com as ameaças de Sadam Hussein".
Para o analista, Israel deve se basear em seu poder de dissuasão, principalmente quando trata-se de armas de destruição em massa.
"A dissuasão depende de credibilidade, o inimigo deve acreditar que caso utilize armas não convencionais, a resposta também será não convencional", afirmou o analista, "fornecer máscaras de gás significa enviar uma mensagem errada para o outro lado, uma mensagem de mêdo e não de dissuasão".

FONTE:
Especial para Terra

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