Os centros de distribuição de máscaras de gás serão fechados a partir de sexta-feira. A decisão é consequência do acordo de desarmamento químico da Síria, mas fontes militares a consideram "apressada"
Mulher israelense saindo do posto de distribuição de máscaras de gás em Tel Aviv Foto: Especial para Terra
Guila Flint De Tel Aviv
Guila Flint De Tel Aviv
A partir desta sexta feira, 28, as autoridades
israelenses irão fechar os centros de distribuição de máscaras de
gás. De acordo com o ministério da Defesa de Israel, a decisão está
relacionada com a diminuição, segundo o serviço de inteligência, do
risco de um ataque químico contra o país decorrente do acordo de
desarmamento com a Síria.
As máscaras de gás fazem parte do dia-a-dia da população
israelense há 24 anos, desde 1990, quando as autoridades decidiram
iniciar a distribuição do chamado "kit de proteção", às vésperas da
primeira Guerra do Golfo com o Iraque.
Em vista das ameaças do então presidente iraquiano Sadam
Hussein, de lançar mísseis químicos contra Israel, caso seu país fosse
atacado pela coalizão ocidental, o governo israelense iniciou uma compra
acelerada de máscaras para bebês, crianças e adultos.
Teve inicio, então, uma complexa operação logística de
distribuição e manutenção do equipamento que, além de ter um custo alto,
também agravou o clima de apreensão no país, pois cada cidadão passou a
ter, em sua própria casa, um objeto que simboliza a sensação de risco
à vida.
Para bebês, o equipamento antigás é uma espécie de berço
vedado de plástico, com um sistema de filtragem e ventilação movido a
pilhas. Para crianças, a máscara, de plástico transparente, envolve a
cabeça inteira e o sistema de ventilação também é movido a pilhas.
Com o crescimento dos filhos, as famílias israelenses precisavam ir aos postos de distribuição para atualizar o equipamento.
Os filtros das máscaras têm validade limitada, e, de vez em quando, a população era convocada a "refrescar" o equipamento.
Momentos de tensão
Em momentos de tensão no Oriente Médio, havia uma verdadeira corrida aos centros de distribuição e se formavam filas quilométricas para obter os "kits".
Em momentos de tensão no Oriente Médio, havia uma verdadeira corrida aos centros de distribuição e se formavam filas quilométricas para obter os "kits".
Em 2003, antes da invasão americana ao Iraque, o Comando
da Retaguarda do Exército israelense convocou a população a atualizar
as máscaras.
Em 2012, em meio às ameaças de Israel de que iria atacar o Irã, houve mais uma corrida aos postos de distribuição.
Em 2013, as ameaças dos Estados Unidos de atacar a Siria
depois que civis em Damasco foram bombardeados com armas quimicas,
levaram novamente os cidadãos israelenses às filas pelas máscaras.
Polêmica
De acordo com o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, a decisão de parar a distribuição das máscaras decorre da avaliação dos serviços de Inteligência de que o risco de um ataque quimico contra o país "se reduziu muito, principalmente após o acordo de desarmamento com a Siria".
De acordo com o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, a decisão de parar a distribuição das máscaras decorre da avaliação dos serviços de Inteligência de que o risco de um ataque quimico contra o país "se reduziu muito, principalmente após o acordo de desarmamento com a Siria".
Familia israelense carregando carro com máscaras de gás Foto: Especial para Terra
No entanto, fontes militares israelenses criticaram a
decisão do governo. Os principais veículos de comunicação do país
citaram fontes não identificadas que qualificaram a decisão como
"apressada".
Segundo as fontes, o governo deveria adiar a decisão
para o fim de junho deste ano, quando, segundo o acordo, a Siria deverá
finalizar o desarmamento químico.
O deputado Nahman Shai, do Partido Trabalhista, entrou
com um recurso junto à Suprema Corte de Justiça contra a decisão do
governo.
De acordo com Shai, "a decisão é irresponsável pois a
Síria ainda não desmontou seu arsenal químico e outros países também
possuem armamentos perigosos".
Já o analista militar Reuven Pedhatzur considera a decisão de parar a distribuição de máscaras de gás "acertada".
Pedhatzur critica a decisão de distribuir o equipamento para a população desde o início.
"Há mais de duas décadas, o governo cedeu à pressão de uma população amedrontada com as ameaças de Sadam Hussein".
Para o analista, Israel deve se basear em seu poder de
dissuasão, principalmente quando trata-se de armas de destruição em
massa.
"A dissuasão depende de credibilidade, o inimigo deve
acreditar que caso utilize armas não convencionais, a resposta também
será não convencional", afirmou o analista, "fornecer máscaras de gás
significa enviar uma mensagem errada para o outro lado, uma mensagem de
mêdo e não de dissuasão".
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