Fabrice Coffrini/AFP |
O
secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou nesta quarta-feira
durante um simpósio que é mais fácil organizar uma Copa do Mundo em
países com menos democracia. Por isso, ele espera ter mais facilidade na
Rússia, comandada pelo presidente Vladimir Putin, que organizará o
Mundial em 2018.
"Vou dizer algo
que é maluco, mas menos democracia às vezes é melhor para se organizar
uma Copa do Mundo. Quando você tem um chefe de estado forte, que pode
decidir, assim como Putin poderá ser em 2018, é mais fácil para nós
organizadores do que um país como a Alemanha, onde você precisa negociar
em diferentes níveis", declarou Valcke.
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"A principal
dificuldade que temos é quando entramos em um país onde a estrutura
política é dividida, como no Brasil, em três níveis: federal, estadual e
municipal. São pessoas diferentes, movimentos diferentes, interesses
diferentes e é difícil organizar uma Copa nessas condições", completou o
secretário-geral.
O assunto foi
estendido pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter, que relembrou sua
experiência na Argentina em 1978, quando os anfitriões foram campeões
mundiais jogando em casa, durante o regime ditatorial do país. O
dirigente disse ter ficado aliviado com o título argentino em meio à
tensão política.
"A minha
primeira Copa do Mundo com envolvimento direto foi a da Argentina, e eu
diria que fiquei feliz com o título dos argentinos. Houve uma
reconciliação do povo com o sistema político militar da época. Não sei o
que poderia ter acontecido se eles tivessem perdido a final, e foi
quase, porque os holandeses bateram na trave nos últimos minutos. O
esporte e o mundo mudaram, e essa era a minha impressão na época",
afirmou Blatter.
Não é a
primeira vez que os cartolas da Fifa fazem declarações polêmicas sobre a
Copa ou deixam implícitas críticas aos entraves burocráticos do Brasil
para realizar o evento.
No ano passado,
Valcke disse que o país deveria "levar um chute no traseiro" para
acelerar a preparação do Mundial. A declaração causou uma forte reação
no Brasil, levou a um atrito entre governo federal e Fifa e teve que se
seguida de um pedido de desculpas do dirigente francês.
As críticas da
Fifa ao processo de decisão de governos brasileiros também têm sido
constantes. Há reclamação de que contratações e licitações são mais
demoradas o que reduz o ritmo de obras. E também há protesto em relação
ao trâmite de aprovação de legislação, como a lei geral da Copa que
facilitou a vida dos patrocinadores e outros parceiros da Fifa.
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Valcke, por
exemplo, também fez ironias com a grande quantidade de cidadãos que
tinham direito a meia entrada. O Ministério do Esporte tinha incluído
até beneficiários da bolsa família entre os beneficiados com bilhetes
com preços menores.
A Fifa também
tem um histórico de ligação com ditaduras, ou estados pouco
democráticos, como é a Rússia. A Copa da Argentina é um exemplo, quando o
então presidente da Fifa João Havelange foi acusado de ter ligações com
o regime militar do país sul-americano.
Também são
comuns fotos de Blatter com ditadores em que recebe honrarias. Um
exemplo é uma foto famosa do presidente da Fifa, em 1999, ao lado do
ex-presidente da Libéria Charles Taylor, que foi condenado pelo Tribunal
de Haia por crimes de guerra e contra a humanidade. Na época, quando os
crimes de Taylor já eram conhecidos, o cartola suíço recebeu uma placa
de honra do então presidente da Libéria, cujo país posteriormente votou
pela reeleição do dirigente na Fifa.
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Blatter tentou
descrever a Fifa como uma entidade conservadora, liberal e socialista ao
mesmo tempo: "Somos conservadores, como os católicos, quando se trata
de mudar as regras do jogo e os árbitros. Somos liberais quando nos
relacionamos com o mercado. E somos Marx e Engels no que diz respeito à
distribuição do dinheiro, com 70% de toda a receita distribuída entre as
federações nacionais".
2013
Agências Internacionais
Agências Internacionais
UOL Copa do Mundo
FONTE:
http://www.folhapolitica.org/2014/01/menos-democracia-e-melhor-para-copa-do.html
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