O
órgão de inteligência de Israel descobriu que houve contatos secretos
entre os Estados Unidos e o Irã meses antes de o presidente Barack Obama
informar ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que negociava
oficialmente com Teerã, informa nesta segunda-feira o jornal Ha'aretz.
A matéria cita um alto funcionário da inteligência
israelense, que revelou que seu país descobriu as conversas no início do
verão.
A existência do canal secreto entre Washington e Teerã
revelado publicamente no domingo por uma agência de notícias
internacional e um site de notícias na internet.
Ambas as informações apareceram simultaneamente, logo
depois que fosse anunciado o acordo alcançado em Genebra pelo G5+1 com o
Irã, que paralisará durante seis meses o programa nuclear iraniano.
Esse mecanismo começou inclusive antes das eleições
presidenciais no Irã no mês de junho, conforme as informações surgidas
no domingo.
A maior parte dos encontros aconteceu no estado do Golfo
Pérsico de Omã e também foram secretos em um primeiro momento para os
aliados dos EUA, incluindo Israel.
Somente após a conversa telefônica entre Obama e o
presidente iraniano, Hassan Ruhani, em setembro passado, os EUA
começaram a informar a seus aliados sobre as conversas secretas com o
Irã.
O "Ha'aretz" afirma que altos membros do gabinete
israelense tinham revelado em discursos aos veículos de imprensa nos
últimos meses que os EUA mantiveram contatos diretos e secretos com a
república islâmica, embora não tenham divulgado detalhes sobre quem
esteve envolvido nas conversas.
Os ministros israelenses afirmaram que os contatos entre
as potências internacionais e o Irã eram apenas fachada para as
verdadeiras negociações entre os EUA e o Irã.
A Casa Branca negou várias vezes a existência de do
canal oculto quando foram divulgadas as informações divulgadas por meios
de imprensa israelenses.
Israel foi oficialmente informado dos contatos secretos
há dois meses, seis meses depois que começaram e, um dia após saber,
Netanyahu fez um duro discurso sobre o Irã na Assembleia-geral da ONU.
O presidente dos Estados Unidos ligou ontem para o
primeiro-ministro israelense para analisar o acordo temporário alcançado
no domingo em Genebra.
Em comunicado, a Casa Branca informou que os dois
líderes "reafirmaram seu objetivo comum de impedir que o Irã obtenha uma
arma nuclear" e Obama explicou a Netanyahu que os membros permanentes
do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha utilizarão os próximos
meses para buscar "uma solução duradoura, pacífica e integral".
Netanyahu declarou ontem que o que se tinha conquistado
em Genebra era "um erro histórico" e que "o mundo se transformou em um
lugar muito mais perigoso".
Os dois países acordaram permanecer em estreito contato
durante os seis meses que dura o acordo e continuam as negociações em
busca de uma solução definitiva.
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