Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
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Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Estadão ConteúdoEm evento sobre democracia e combate à fome, Lula criticou espionagem de Obama
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao governo
norte-americano e ao presidente Barack Obama, nesta quarta-feira (11),
em São Paulo, ao se referir aos recentes casos de espionagem sobre o governo de Dilma Rousseff e a Petrobras.
"Por acaso pode o Obama ficar bisbilhotando as conversas da Dilma em
nome da democracia? Cadê a decisão judicial que permitiu isso?",
indagou. "Qual foi o crime que Dilma cometeu?", completou.
Lula foi um dos palestrantes no fórum "Um mundo sem fome: estratégias
de superação da miséria", do qual participaram representantes de Brasil,
África e América Latina --entre as quais, a ativista africana Leymah
Gbowee, vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2011.
"Não vamos acabar com a fome e a miséria na África se não olharmos para
as capacidades locais e se as estratégias não envolverem as mulheres",
sugeriu a ativista. Para ela, os governantes precisam de "coragem
política e coragem moral" ao implementar programas sociais de combate à
miséria.
O evento foi realizado em um hotel nos Jardins (região central de SP) e foi promovido pela revista "Carta Capital".
Documentos supostamente entregues pelo ex-analista da Agência de
Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden ao
jornalista americano Glenn Greenwald, colunista do jornal britânico "The Guardian" e residente no Rio de Janeiro, revelam que o órgão espionou as comunicações de Dilma.
Depois que os casos de espionagem vieram à tona, Dilma deixou em aberto
a possibilidade de viajar no dia 23 de outubro para os Estados Unidos,
onde se encontraria com Obama.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo
Machado, conversa com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados
Unidos, Susan Rice, em Washington. O chanceler foi pessoalmente cobrar
as explicações prometidas por Obama a Dilma sobre as denúncias de
espionagem.
Além das críticas à espionagem norte-americana, Lula sugeriu que seja
criada uma espécie de "governança global" na qual países de todos os
continentes, tais como Brasil e México, na América Latina, e Nigéria,
Egito e África do Sul, no continente africano, possam participar e tomar
decisões.
A medida, defendeu Lula, seria uma estratégia para combater o que ele
considera "domínio" dos Estados Unidos e uma aparente inércia de
organismos como a ONU (Organização das Nações Unidos) diante de
conflitos graves entre nações.
"Que possamos colocar o Obama, a Dilma ou qualquer outro governante em
igualdade de condições para a tomada de decisões. A mesma ONU que criou o
Estado de Israel [em 1948]: por que não criou também um Estado
palestino?", questionou, sob aplausos.
Para o petista, "o mundo não pode ser vítima da decisão de um único
país". "Vai saber se não estão ouvindo também o que é dito nesta sala
agora", disse, em tom de brincadeira.
Guerra e economia
As críticas de Lula ao governo dos Estados Unidos abordaram também
questões relacionadas à Síria e à economia. O ex-presidente sugeriu que a
autoria do uso de armas químicas em território sírio, por exemplo,
ainda não foi definida. "Fiquei horrorizado com as imagens daquelas
crianças atingidas. Mas quem disse quem fez aquilo?", justificou.
Para os Estados Unidos, o autor dos ataques é o governo do presidente
sírio Bashar Al-Assad, o qual, por sua vez, devolve a responsabilidade
pelos ataques a grupos rebeldes de oposição a ele. "Qual foro decidiu
que os Estados Unidos tinham que invadir o Iraque [em 2003]? Onde estava
a arma química que os iraquianos teriam usado? Até hoje eu não sei, e o
governo americano gastou trilhões de dólares nesta guerra", comparou o
petista.
Sobre a 'intromissão' americana na economia mundial --referência de
Lula às últimas altas do dólar que vêm influenciando o mercado
brasileiro--, o ex-presidente citou o ministro da Fazenda de Dilma
("coitado do Guido Mantega", disse) e novamente lembrou que "os
americanos inventaram o dólar" e foram os responsáveis pela substituição
do ouro pela nova moeda internacional.
FONTE:
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/09/11/lula-critica-bisbilhotice-de-obama-sobre-dilma-e-propoe-novo-organismo-multilateral.htm
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