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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Em carta, comandante do Taleban pede a Malala para se unir ao Islã no Paquistão


Malala Yousufzai lê um livro enquanto se recupera no hospital Queen Elizabeth, no Reino Unido 
(foto de arquivo)

 
Apesar de não se desculpar pelo ataque, Adnan Rasheed ofereceu a Malala um conselho sobre sua educação, sugerindo que ela volte ao Paquistão e se matricule em uma escola islâmica para meninas. “Use sua caneta pelo Islã e pelo sofrimento da comunidade muçulmana, e revele a conspiração da pequena elite que quer escravizar a humanidade inteira em nome de uma nova ordem mundial maligna”, escreveu Rasheed.
Rasheed, que tem relações próximas com os líderes do Taleban, disse também que o atentado foi “chocante” e que ele desejava que não tivesse acontecido. Rasheed disse que deixaria nas mãos de Deus decidir se a ativista pelo direito de as meninas estudarem deveria ou não ser alvo.
“Você disse em seu discurso ontem que a caneta é mais poderosa que a espada”, escreveu Rasheed em referência ao discurso de Malala na ONU , “então eles te atacaram por sua espada, não pelos seus livros ou escolas”.
Rasheed afirmou que a carta, recebida na noite de terça-feira pela Associated Press, expressa sua opinião pessoal e não a do grupo militante. A AP entrou em contato com outro comandante do Taleban na quarta-feira, que confirmou a autenticidade da carta.
Malala tinha 15 anos quando ela e duas amigas foram atacadas no caminho de casa para a escola no Vale do Swat, noroeste do Paquistão. A tentativa de assassinato foi condenada por entidades de todo o mundo. Malala celebrou seu aniversário de 16 anos na semana passada com um discurso na sede da ONU, em Nova York, durante o qual afirmou que o ataque deu a ela mais coragem. Malala também pediu aos líderes mundiais que ofereçam educação para todas as crianças.
Segundo Rasheed, o Taleban não atacou Malala por causa de sua defesa da educação para meninas, mas porque ela criticou o grupo quando ele assumiu o controle de grande parte do Swat entre 2008 e 2009. A declaração reflete declarações de outros militantes na época do atentado.
Rasheed, que fugiu da prisão no ano passado, disse que os militantes do Taleban apoiam que meninos e meninas frequentem a escola, contanto que recebam uma educação islâmica e não estudem o que chamou de “currículo satânico ou secular”. Malala escreveu um um blog da BBC na época em que o Taleban tomou o controle do Swat que muitas estudantes se mudaram da região depois que o grupo divulgou um documento proibindo as meninas de irem à escola.
O Taleban sequestrou e atirou em outras ativistas em favor da educação como Malala, e também explodiu centenas de escolas no noroeste paquistanês. O Exército do país lançou uma forte ofensiva contra o Taleban no Swat e conseguiu retomar o controle do local em meados 2009, mas os ataques esporádicos continuaram.
Rasheed diz que o Taleban explodiu apenas as escolas que os soldados paquistaneses usavam como esconderijo. Professores e ativistas afirmam que isso é apenas parcialmente verdade. Apesar de algumas escola de fato terem sido usadas por militares, muitos dos ataques foram motivados pela oposição do Taleban à educação das meninas ou pelo fato de algumas escolas não seguirem uma interpretação estrita do Islã.
Rasheed também justificou os recentes ataques a funcionários de saúde do Paquistão que estavam vacinando crianças contra a pólio , alegando que o ocidente está tentando esterilizar os muçulmanos. No passado, o Taleban havia negado ter sido o autor desses atentados.
O comandante do Taleban também criticou a ONU pela homenagem a Malala e afirmou que o mundo ignora que civis estão sendo mortos por ataques de drones(aviões não tripulados) americanos no noroeste do Paquistão. A ONU tem uma investigação em curso sobre denúncias de mortes de civis em ataques de drones dos EUA.
O ex-premiê britânico Gordon Brown, enviado especial da ONU para a educação global, criticou Rasheed por escrever a carta enquanto o Taleban continua atacando escolas. “Ninguém vai acreditar em nenhuma palavra do que o Taleban diz sobre o direito de meninas como Malala irem para a escola até que parem de queimar escolas e massacrar alunos”, declarou.
FONTE: 
ultimosegundo.ig.com.br

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