"Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares."
Mateus 24:7
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04/09/2012 - 12h19
BRASÍLIA - Crise é motivada pela quebra de safra das principais regiões
produtoras do mundo, o que tem pressionado os preços no mercado mundial...
Agência Brasil
BRASÍLIA - O mundo
pode viver uma crise alimentar global, como as de 2007 e 2008, caso os governos
não adotem medidas urgentes para reverter a alta dos preços. O alerta foi
publicado nesta terça-feira (4) por três agências da Organização das Nações
Unidas (ONU), com sede em Roma.
A crise é motivada
pela quebra de safra das principais regiões produtoras do mundo, o que tem
pressionado os preços no mercado mundial. “Somos vulneráveis porque, mesmo em
um bom ano, a produção mundial de cereais é apenas o suficiente para atender a crescente
demanda por alimentos, ração e combustível. Em um mundo onde há 80 milhões a
mais de bocas para alimentar a cada ano, nós estamos em perigo, já que
apenas um punhado de países são grandes produtores de alimentos básicos”,
destacou o comunicado conjunto assinado por representantes da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), do Fundo Internacional para
o Desenvolvimento Agrícola (Fida) e do Programa Alimentar Mundial (PAM).
Os produtores de
milho, trigo e soja de várias regiões do mundo têm registrado prejuízos
históricos em função da forte seca. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o
cultivo de milho já apresentou saldos decrescentes no ano passado, os
agricultores estimam perdas em torno de 20% a 30% com a estiagem deste ano. Os
prejuízos podem ultrapassar a marca das 130 milhões de toneladas, se somadas as
lavouras de soja e milho.
As lideranças das
três agências da ONU defendem uma ação internacional conjunta para reverter o
cenário. “Há duas questões interligadas que devem ser abordadas: a questão
imediata dos altos preços de alguns alimentos, que podem afetar
significativamente os países dependentes da importação de alimentos e as
pessoas mais pobres, e o problema a longo prazo de como produzir, comercializar
e consumir alimentos em um momento de crescimento da população, da demanda e de
mudanças climáticas.”
Os dirigentes da
FAO, Fida e PAM destacaram que o impacto da alta dos alimentos recai de formas
diversas sobre diferentes economias e apontaram estratégias de solução, como o
maior investimento no segmento de pequenos produtores de alimentos para que
possam aumentar a produtividade, acesso aos mercados e reduzir a exposição ao
risco.
“Adotamos uma
abordagem de duas vias que apoia investimentos de longo prazo na agricultura,
principalmente dos pequenos produtores, assegurando que as redes de segurança
[alimentar] estão no local para ajudar os consumidores e produtores de
alimentos pobres e evitar a fome, perda de bens e a armadilha da pobreza no
curto prazo”, destacam.
Apesar da
referência à crise de 2007, quando os níveis de produção e estoque baixaram
drasticamente levando vários países a restringirem o consumo e adotarem
políticas de subsídio e estímulo à exportação para solucionar o problema, os
organismos das Nações Unidas reconhecem que o mundo está mais preparado do que
há cinco anos.
A instituição do
Grupo de Trabalho sobre Segurança Alimentar Alto Nível Mundial e de Informação
de Mercado Agrícola Sistema G20 (Amis, na sigla em inglês), foram apontados
como exemplos desse avanço.
Apesar do tom de
alerta, as agências da ONU acrescentaram que, neste cenário, “as coisas que
devem ser evitadas são tão importantes quanto aquelas que devem ser adotadas”.
O comunicado ressalta que os países devem evitar compras motivadas pelo pânico
e se abster de impor restrições à exportação que, embora temporariamente ajude
alguns consumidores no mercado interno, são geralmente ineficazes.
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