DA REUTERS
Pessoas com níveis mais altos de um produto químico comum em utensílios domésticos têm maior risco de sofrer de doenças cardíacas ou ter um derrame, segundo um novo estudo feito nos EUA.
O composto, chamado de ácido perfluoro-octanoico ou PFOA, está presente em embalagens de alimentos, jaquetas, carpetes e panelas. O líder do estudo destaca, no entanto, que o trabalho não prova que o PFOA é perigoso ou que deveria ser evitado.
"Esses resultados não devem ser tomados como alarmantes. São preliminares ainda", afirmou Anoop Shankar, da Escola de Saúde Pública da Universidade de West Virginia, nos EUA.
A ressalva existe porque não está claro o que veio primeiro: o alto nível do produto químico no sangue ou a doença cardíaca. A pesquisa sugere que quase todos os americanos têm algum nível de PFOA no sangue, diz Shankar.
A equipe dele usou dados de 1.216 pessoas que tiveram seu sangue analisado e que responderam perguntas sobre seu histórico de doenças entre 1999 e 2003.
A equipe dele usou dados de 1.216 pessoas que tiveram seu sangue analisado e que responderam perguntas sobre seu histórico de doenças entre 1999 e 2003.
Levando em conta a idade, a raça e outros fatores de risco para doença cardíaca, os pesquisadores viram que os participantes com maiores níveis de PFOA tinham o dobro de chance de ter relatado problemas cardíacos ou derrames em comparação com os voluntários com baixo nível da substância no organismo.
Shankar diz que o PFOA no sangue também foi ligado a maior nível de colesterol, pressão mais alta e resistência à insulina. Todos esses fatores aumentam o risco de desenvolver doenças cardíacas. Mas ainda não se sabe se esses achados mostram que o PFOA causa problemas de saúde nem se o nível da substância estava mais alto antes de as pessoas ficarem doentes.
Por exemplo, afirmou Shankar, é possível que pessoas com doença cardíaca desenvolvam problemas nos rins como consequência. Assim, os rins teriam mais dificuldade de filtrar substâncias como o PFOA do sangue.
Estudos com animais não mostraram efeitos da exposição ao PFOA para a saúde, disse Shankar.
A pesquisa, publicada nesta semana na revista "Archives of Internal Medicine", foi financiada pela American Heart Association e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.
Estudos anteriores já ligaram a substância, do grupo dos compostos perfluorados (PFC), a problemas de tireoide e a menor efeito de vacinas em crianças.
O médico Debabrata Mukherjee, chefe do setor cardiovascular da Universidade Texas Tech, disse que, ainda que a pesquisa não tenha estabelecido uma relação de causa e efeito entre o químico e os problemas de saúde, as pessoas deveriam repensar o consumo de produtos com PFOA se puderem.
"Acho que isso é um sinal de alerta", disse ele, em comentário anexo ao novo estudo.
Para o médico, as pessoas devem olhar os rótulos dos produtos para saber se eles contêm PFOA. "Seria prudente evitar isso. Se há alternativas mais saudáveis, por que arriscar ter algo que pode aumentar o risco cardíaco?", afirmou ele à agência Reuters. "Como consumidor, eu diria para ter cuidado com o que se compra."
Empresas como a DuPont fizeram um acordo com a Agência de Proteção Ambiental americana, a EPA, para tentar eliminar o PFOA de todos os produtos até 2015.
Empresas como a DuPont fizeram um acordo com a Agência de Proteção Ambiental americana, a EPA, para tentar eliminar o PFOA de todos os produtos até 2015.
O American Chemistry Council, uma associação da indústria química, divulgou uma nota ressaltando a fragilidade do estudo, como admitido pelo próprio pesquisador, e acrescentou que o novo trabalho não tem resultados similares aos de estudos anteriores.
Mukherjee destaca que há fatores de risco mais importantes para a saúde cardíaca. "Temos que nos cuidar: fazer exercícios regularmente, não fumar e ter uma dieta equilibrada."
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