Aeronáutica informou que não tem a responsabilidade de remover. Serviço será feito por uma empresa especializada contratada pela dona do bimotor.
A Aeronáutica suspendeu o trabalho de retirada do mar dos destroços do avião. Agora o resgate da aeronave será feito por uma empresa especializada, contratada pelos donos do bimotor.
Os trabalhos para retirada do King Air C-90 do mar recomeçaram às sete da manhã. Especialistas do Cenipa, o órgão da Aeronáutica que investiga acidentes aéreos, acompanharam de perto.
Mergulhadores da Marinha prenderam cordas no entorno do avião. E essas cordas foram amarradas à tonéis de ar que fariam o bimotor flutuar.
Mas os tonéis não foram suficientes para deixar a avião no nível do espelho d'água pra ser rebocado.
No início da tarde, a maré alta ajudou os mergulhadores, que conseguiram deixar o avião ancorado.
Na sexta-feira (20), depois do resgate dos cinco corpos, os investigadores disseram que a prioridade era retirar o avião do mar e fazer o transporte para o Rio, onde será feita a perícia.
Mas neste sábado (21), no início da tarde, a Aeronáutica informou que não tem a responsabilidade de remover o avião do local da queda. E que - por lei - esse é um trabalho que deve ser bancado pela empresa proprietária do bimotor.
Depois do anúncio, o chefe da investigação explicou que, desde o início, a grande preocupação era resgatar as vítimas e estabilizar o avião para preservá-lo ao máximo. Segundo ele, a remoção se mostrou bem mais complexa do que parecia.
“Em análise ontem, de ontem para hoje, a gente verificou que a situação era mais complexa do que a gente estava imaginando e ia requerer ações de uma empresa ou de alguém especializado nesse tipo de resgate que seria no mar. E isso, como seria uma empresa, gera custos e pela lei é o próprio explorador da aeronave que é responsável por isso, estão feitas tratativas com o operador para que isso ocorresse”, explicou o coronel Edson Bezerra, investigador responsável Cenipa.
Por nota o Grupo Emiliano, dono do King, Air, disse que já contratou a empresa. De acordo com a nota, a companhia ainda não informou detalhes de logística e prazo de retirada da aeronave.
“Essa empresa terceirizada tem uma série de requisitos que ela tem que cumprir e ela vai providenciar um plano de remoção e esse plano é submetido à Marinha, porque, inclusive, se acontecer alguma coisa, pode até colocar em risco a navegação aqui da região. Então a Marinha do Brasil aprova esse plano e esse plano também vai ser feito junto com a gente, logicamente essa empresa vai estar junto com a gente, porque nós aqui como órgão de investigação, a gente quer ao máximo deixar essa aeronave íntegra possível. O máximo de integridade dessa aeronave possível para que possa iniciar o processo de investigação daqui pra frente”, aponta o coronel.
De manhã o Globocop encontrou o que parecia uma peça do avião. Os técnicos do Cenipa viram a imagem e confirmaram que é a cauda do bimotor, que estava a 300 metros do local da queda.
No fim da tarde, técnicos de uma empresa especializada em transporte de aeronaves acompanharam os investigadores até os destroços. E eles trouxeram o caminhão que será usado para levar o bimotor até o Rio.
Investigação de desastres aéreos não tem prazo, diz especialista
Desde o anúncio do desastre em Paraty, foram muitos e enfáticos os apelos por uma investigação rigorosa e rápida sobre a queda do avião. Mas o laudo final do Cenipa, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, costuma demorar.
O tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Luiz Alberto Bohrer organizou o laboratório de destroços do Cenipa. Ele diz que uma investigação não pode ter um prazo pré-determinado.
“Não existe um padrão, tanto que a legislação antiga nossa estabelecia 30 dias, aí o investigador tinha que pedir renovação, o que era um absurdo. Em 30 dias não se analisa nem declarações de testemunha. Então, as investigações, o prazo legal previsto desapareceu”, disse.
Uma investigação começa com a seleção de testemunhas. A coleta de dados no local. A análise dos destroços. Os investigadores buscam indícios de falhas, levantam hipóteses sobre a performance do avião nos momentos finais do voo, fotografam detalhes e retiram partes do avião.
Depois, vem a fase de análise dos dados, de informações médicas e psicológicas dos pilotos, da rota de voo, da meteorologia. Ao longo dos trabalhos, outros profissionais - pilotos, engenheiros, médicos, psicólogos, mecânicos - poderão ser chamados para se juntar à comissão.
“Aí depois que termina isso daí tem que ser feito o parecer, tem que se analisar tudo isso, porque pode ter uma quebra, uma falha, mas que não teve papel importante no acidente. Aí o investigador ou a comissão de investigação junta todos os laudos parciais, faz o laudo final. Aí vem a palavra final que representa o governo brasileiro que diz o acidente aconteceu por causa disto. Aí este relatório depois que é feito, é entregue, podemos dizer: a investigação está concluída”, explicou Bohrer.
A investigação do acidente com o avião da Gol, que em 2006 caiu após ser atingido por outro avião, um Legacy, durou dois anos e dois meses.
Foram dois anos e três meses de investigação no caso do acidente da TAM, que em 2007, ao pousar em Congonhas, ultrapassou a pista e bateu num prédio.
A investigação do acidente que matou o candidato à presidência da República Eduardo Campos e mais seis pessoas em 2014 durou um ano e sete meses.
Em maio de 2015, o avião que transportava Luciano Huck e Angélica com os três filhos e duas babás fez um pouso forçado sem vítimas fatais em Mato Grosso do Sul. Até hoje as investigações não foram concluídas.
Especialistas acreditam que a investigação sobre acidente com o avião em que estava o ministro Teori Zavascki pode ser mais rápida. O avião foi recuperado em boas condições, porque caiu na água e em baixa velocidade.
A Aeronáutica já conseguiu recuperar a caixa com a gravação de voz feita durante o voo. Um avião desse porte não precisa ter esse equipamento, mas o dono mandou instalar, o que deve trazer informações importantes sobre o que aconteceu pouco antes do pouso.
Marinha aprova plano de resgate de empresa contratada, diz Aeronáutica
Além da investigação do Cenipa, tem investigação da PF. Já no dia do acidente, A Associação dos Juízes Federais do Brasil e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho pediram para que a morte de Teori Zavascki fosse investigada.
O presidente da Ajufe, Roberto Veloso, destacou que a investigação é imprescindível diante das causas da queda do avião. A Anamatra disse que é fundamental que as causas e circunstâncias do acidente sejam apuradas com a maior rapidez e transparência.
Naquele mesmo dia, a Polícia Federal divulgou uma nota confirmando que já havia instaurado inquérito para apurar as causas do acidente em que Teori Zavascki morreu. A PF informou que uma equipe formada por delegados e que a equipe veio para o Rio de Janeiro, e que boa parte desta equipe trabalhou também na investigação do acidente em que morreu o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
O presidente da Ajuf, Roberto Veloso, destacou que a investigação é imprescindível diante das causas em que ocorreu a queda.
A Aeronáutica disse que a Marinha aprovou o plano de resgate da empresa que foi contratada para fazer o resgate do avião. O plano vai funcionar assim: tem uma barca vindo de Niterói. Essa barca deve chegar em Paraty no domingo (22). Assim que ela chegar, o avião será içado e a barca segue com os destroços para Angra dos Reis. De Angra, o avião segue de caminhão para o Rio de Janeiro, onde será feita a perícia. O pessoal do Cenipa vai acompanhar todo o trabalho.